O samba-canção “Nervos de Aço“, de Lupicínio Rodrigues, foi lançado originalmente em 1947 pelo cantor e compositor Francisco Alves, conhecido como O Rei da Voz e falecido em 1952 num acidente de carro na via Dutra. Em pouco tempo, a canção se tornaria um clássico de seu repertório e da própria música popular brasileira. Vale lembrar que Chico Alves foi o primeiro a gravar, em 1948, “Esses moços“ (Pobres moços), outro clássico de Lupicínio, também autor em 1953 do hino oficial do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense .
Neste vídeo, o próprio Lupicínio conta como surgiu a inspiração para compor “Nervos de Aço“, e canta a primeira parte da música. Na seqüência, Paulinho da Viola dá continuidade durante apresentação num programa comemorativo aos 50 anos de TV no Brasil e aos 35 da Rede Globo em bloco do qual participam Hebe Camargo e Xuxa.
Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre (RS) em 19 de setembro de 1914. De acordo com o site MPBNet, foi o inventor do termo “dor-de-cotovelo“. Este termo, ao contrário do que se propagou como inveja - se refere à prática, comum nos bares, do homem ou mulher que se senta no balcão, crava os cotovelos no mesmo, pede um Whisky duplo, faz bolinhas com o fundo do copo e chora o amor que perdeu.
Lupe, como era chamado desde pequeno, tinha três grandes paixões em sua vida: a música, o bar e as mulheres. A música poderia ter convivido com tranqüilidade com as outras duas, mas as mulheres em sua vida jamais entenderam ou conviveram com sua paixão pela boemia. Constantemente abandonado, Lupicínio buscava em sua própria vida a inspiração para suas canções, onde a traição e o amor andavam abraçados, afogando as mágoas na mesa de um bar - onde, finalmente, conseguia unir suas paixões: amor, música e boemia.
Com versos profundos, conseguia tocar todos os corações que paravam para ouvi-lo, dando, a cada um, a sua própria história. Ninguém soube, como ele, cantar a dor e a desilusão de forma tão genial, sem cair em clichês e lugares comuns. Todas as pessoas que um dia choraram um amor, ergueram sem dúvida um brinde a Lupicínio. Faleceu na capital gaúcha em 27 de agosto de 1974.
Confira a letra:
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um tipo qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nenhum pedaço do meu pode ser
| Há pessoas com nervos de aço
| Sem sangue nas veias e sem coração
| Mas não sei se passando o que eu passo
| Talvez não lhes venha qualquer reação
Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, despeito, amizade ou horror
Eu só sei é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor
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“Nunca“, por Altemar Dutra Jr. - Sr. Brasil - 16/08/15
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